segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Matemático aponta São Paulo com 59% de chance de título


Rafael Ribeiro

Líder do Campeonato Brasileiro com 65 pontos, o São Paulo está com 59% de chances de conquistar o hexa. Os números são do matemático gaúcho Tristão Garcia, que em entrevista ao Terra, explicou as contas usadas para destacar o favoritismo do clube tricolor na competição.

"O programa pega os 380 jogos do campeonato, com todos os critérios de desempate e vai calculando jogo a jogo. São feitas as combinações de resultados possíveis e aí verificamos quantas vezes o São Paulo aparece na liderança, o Grêmio. Somamos para se chegar a uma projeção", disse Garcia.

Entre os outros concorrentes ao título, o Grêmio, dois pontos atrás do São Paulo, tem 23% de chances, enquanto Cruzeiro (terceiro na classificação com 61) tem apenas 8%. O Palmeiras (quarto também com 61) vem em seguida com 7% e o Flamengo, 60, tem apenas 3%.

O matemático, contudo, ressalta que o momento das equipes pesa favoravelmente nas contas. "Eu faço como em uma bolsa de valores. Comparo a média dos últimos seis jogos com os seis anteriores e aí você já tem uma idéia se ele vem em uma crescente ou se está caindo", justificou.

Dentro das contas feitas por Garcia, justifica-se a porcentagem de favoritismo. O São Paulo cresceu 33% durante a competição. Tinha uma média de dois pontos por jogo. Agora, nos últimos seis jogos, a média é de 2,67. "É média de campeão", avaliou.

O Grêmio vem logo atrás, crescendo 25% e ostentando uma média de 1,67 pontos por jogo. Tinha 1,33. O Cruzeiro tem média 1,67, enquanto o Flamengo aparece com destaque, com 2,17. Todos levando em conta os últimos seis compromissos.

De todos os aspirantes a campeão, a situação mais delicada é do Palmeiras. A equipe do Palestra Itália, que perdeu por 1 a 0 para o Grêmio no último domingo, aparece com queda de 38% com os últimos seis resultados obtidos. Tinha uma média de 2,17 pontos por jogo. Mas agora aparece com 1,33.

Na reta final do Brasileiro, restando quatro rodadas para o fim, Garcia destaca que a definição da taça sairá do embate entre os primeiros da tabela e os últimos. Serão oito confrontos entre os candidatos ao título e os que lutam para escapar do rebaixamento. O São Paulo aparece com três jogos, contra Figueirense (casa), Vasco (fora) e Fluminense (casa).

"O São Paulo não é um 'grande' favorito, mas sim favorito. O Grêmio foi o líder mais forte, abriu a maior diferença de pontos, mas não passou dos 50%. O São Paulo passou", destacou Garcia, que destaca a competitividade da competição.

"A briga pela liderança é muito disputada porque o líder é 'fraco'. O São Paulo esse momento, no ano passado, tinha 73 pontos. O vice (que era o Santos), tinha 58 e sequer estaria na zona para a Libertadores. O que eu falava no começo do campeonato continua valendo: quem fizesse 76 ou 77 pontos seria o campeão. Talvez seja até um pouco menos", explicou o matemático.

Rebaixamento
A luta para escapar do rebaixamento à segunda divisão parece mesmo ditar a tônica do Brasileiro. Isso porque, segundo Garcia, os sete últimos colocados apresentam desempenho surpreendente nesta reta final. O maior deles é o Vasco.

O clube de São Januário tinha uma média de 0% de pontos no início do segundo turno. Considerando os últimos seis jogos, já tem uma média de 1,83 pontos. "É impressionante. Essa média é de Libertadores se o Vasco mantivesse isso desde o começo", completou.

O matemático alerta para os números dos últimos. Depois do Vasco, o Fluminense é o segundo que mais cresceu, com 150%. O Atlético-PR vem logo a seguir, com 100%. O São Paulo só é o quinto do "ranking", que ainda tem o Atlético-MG, bem nas últimas rodadas e com 67% de crescimento. Curiosamente, os três citados estão fora da zona de rebaixamento com os resultados da 34ª rodada.

Até mesmo a Portuguesa, que perdeu para o São Paulo por 3 a 2 e voltou à área de perigo, apresenta rendimento satisfatório, com crescimento de 80% na produção e média de 1,5 pontos por jogo. Somente Figueirense e Ipatinga apresentam queda. Os catarinenses mais ainda, com média inferior a 0,5 pontos por jogo.

Para justificar a situação, Garcia cita o Corinthians, que estaria na 13ª colocação com a mesma pontuação do ano passado nesta edição. "O azar do Corinthians é que ele foi inventar de pontuar mal no ano errado. No ano passado ele estava com 41 pontos nesse momento", avaliou.

"Em um campeonato vibrante, para manter a força, o segredo é esse: um líder fraco e perseguidores fortes. O campeonato, do ponto de vista numérico, está mais fácil escapar do rebaixamento", concluiu o matemático.

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