quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Obama usa profissionais de campanha em transição e se aproxima da equipe de Clinton


O presidente eleito dos Estados Unidos, o democrata Barack Obama, mal comemorou sua vitória histórica --ele é não apenas o 44º presidente do país como também o primeiro negro a alcançar o cargo -- e já convocou diversos profissionais da sua campanha para trabalhar na equipe de transição do governo.

Obama também já convidou o deputado democrata Rahm Emanuel para assumir a chefia de gabinete, na Casa Branca. Emanuel foi um dos principais assessores do último presidente democrata, Bill Clinton (1993-2001), no governo dele.

Em comunicado enviado por e-mail no final da tarde desta quarta-feira, Obama anunciou a criação da equipe de transição e determinou que ela fará "análises detalhadas de transições anteriores, relatórios de medidas adotadas na campanha; estudos de agências do governo federal"; e estabelecimento das "questões prioritárias" da nova administração.

Os líderes da equipe de transição são John Podesta, ex-chefe de gabinete de Clinton; Pete Rouse, que trabalha como negociador em Washington há 30 anos; e Valerie Bowman Jarrett, negociadora e amiga pessoal de Obama e da mulher dele, Michelle.

Entre os integrantes da equipe de transição que trabalharam na campanha de Obama estão Dan Pfeiffer, um dos porta-vozes da campanha; Stephanie Cutter, estrategista democrata e assessora de Michelle na corrida presidencial; Jim Messina, chefe de equipe da campanha; e Melody Barnes, também porta-voz da campanha.

Na equipe estão ainda Chris Lu, diretor legislativo de Obama no Senado; Cassandra Butts, ex-colega de Obama em Harvard; Patrick Gaspard, assessor político experiente; Christine Varney, especialista em internet que trabalhava para a Câmara Federal de Comércio; Lisa Brown, assessora de Al Gore na Vice-presidência; Phil Schiliro, advogado e assessor dos democratas no Congresso por dez anos; e Michael Strautmanis, ex-conselheiro de Obama.

Com a aproximação de pessoas que trabalharam nos anos Clinton, Obama potencializa a sua intenção de evitar os erros do antecessor, que após vencer a Presidência, em 1992, apontou os principais colaboradores do governo só cinco dias antes da posse, sem tempo para que os titulares pudessem se colocar em dia sobre as prioridades de suas pastas.

Internet

Depois de obter grande sucesso com o uso da internet durante a campanha presidencial, Obama decidiu abrir um site também para a equipe de transição: www.change.gov. O endereço ainda não está no ar.

Bush

Nesta quarta-feira, em pronunciamento na Casa Branca, o presidente George W. Bush disse que a vitória de Obama é um "triunfo na história americana" e que cooperará completamente com a equipe do sucessor nos 76 dias que faltam até o próximo 20 de janeiro, data da posse. Bush afirmou que pretende manter Obama "completamente informado" de suas decisões.

"Será uma visão emocionante assistir o presidente Obama, a mulher, Michelle, e suas lindas crianças passarem pelas portas da Casa Branca", disse. "Sei que milhões de americanos vão se encher de orgulho com esse momento inspirador, pelo qual esperaram por tanto tempo."

CIA

Obama iniciará a transição tão cedo que, já nesta quinta-feira (6), terá uma reunião com o setor de inteligência --assim como acontece, diariamente, com Bush. Com isso, o diretor da CIA, Mike McConnell, pretende que Obama veja "toda a gama de ações que realizamos" em benefício do país, conforme afirmou em carta aos seus funcionários.

Na reunião, McConnell apresentará a pauta e dois funcionários discorrerão sobre alguns dos assuntos. Entre os problemas com os quais Obama precisa lidar assim que assumir o poder estão as guerras que os EUA mantêm --no Iraque e no Afeganistão-; o papel do Paquistão na luta contra o Taleban e a Al Qaeda; os programas nucleares do Irã e da Coréia do Norte e o futuro da prisão de Guantánamo, em Cuba.

O restante da semana Obama passará em Chicago, onde decide a sua equipe de governo. Fontes do Partido Democrata dizem que o deputado democrata Rahm Emanuel será o seu chefe de gabinete. Emanuel é chefe do grupo parlamentar democrata dentro da Câmara de Representantes (Câmara dos Deputados) e um grande aliado em Chicago.

Crise

No próximo dia 15 de novembro, líderes mundiais participam de uma reunião em Washington sobre a crise econômica mundial. Não está confirmada a presença de Obama, que chegará à Casa Branca com o peso da desaceleração econômica e o fantasma da recessão nas costas. "O caminho será longo. Nossa subida será íngreme. Nós talvez não cheguemos lá em um ano ou mesmo em um mandato", admitiu o presidente eleito, em seu discurso de vitória a 200 mil espectadores no parque Grant, em Chicago, nesta madrugada.

No campo econômico, Obama terá de lidar não só com a crise porém também com o desafio de transformar em realidade suas promessas de campanha sobre impostos, saúde, energia e educação. A habilidade de Obama para administrar as relações com os líderes democratas no Congresso, os republicanos e congressistas liberais com agenda própria também deverá ter uma forte influência sobre seu mandato.

Consultores

A equipe de transição de Obama contará com uma mesa de consultores, sendo que a maioria trabalhou na administração de Bill Clinton (1993-2001). Entre eles estão:

Carol Martha Browner- Ex-administradora da Agência de Proteção Ambiental durante a administração Clinton. Membro-fundador do Grupo Albright e do Albright Capital Management, ambas em Washington. Atualmente, é presidente da National Audubon Society e membro do conselho da Aliança pela Proteção do Clima, fundada por Al Gore, vice de Clinton. Formada advogada pela universidade da Flórida.

William Daley- Advogado de formação, é filho de um ex-prefeito e irmão do atual prefeito de Chicago. Secretário do Comércio sob Clinton, hoje é lobista e participa da Mesa de Diretores da Boeing, Merck & Co., Inc, Boston Properties, Inc., e Loyola University Chicago.

Federico Peña- Formado advogado, foi prefeito de Denver, secretário dos Transportes e secretário da Energia durante o governo Clinton. Em setembro, anunciou apoio a Obama e passou a ser um de seus coordenadores da campanha nacional.

Susan Rice- Assessora de Clinton na Secretaria de Estado para Assuntos Africanos, é expert em política externa. Uma das principais assessoras de Obama em política externa durante a campanha, faz parte da equipe de transição.

Sonal Shah- Trabalha na Google.org na equipe de Desenvolvimento Global, onde define a estratégia de desenvolvimento global. Como diretora para Políticas Nacionais e Econômicas no Centro para o Progresso Americano, trabalhou com questões de comércio e reconstrução em situações pós-conflito. Durante oito anos, foi funcionária do Departamento do Tesouro.

Ted Kaufman- Advogado, professor de direito da faculdade Duke, trabalhou durante 22 anos para o vice democrata Joe Biden no Senado.

Christopher Edley, Jr. - Reitor da universidade da Califórnia, ex-conselheiro de Clinton e membro da Comissão de Direito Civil dos Estados Unidos. Ao longo das primárias democráticas, foi conselheiro de Barack Obama, um dos seus ex-alunos da Escola de Direito de Harvard.

Janet Napolitano- Atual governadora do Estado do Arizona pelo Partido Democrata, foi eleita em 2002 e reeleita em 2006. Napolitano é a terceira mulher governadora do Arizona, e primeira mulher a ganhar a reeleição. Com a eleição de Obama, Napolitano é considerada um potencial membro do gabinete do novo presidente.

Donald H. Gips- Teve diversos cargos executivos na iniciativa privada e no setor público trabalhou com o vice-presidente Al Gore, na gestão de Bill Clinton, tendo sido responsável pela Comissão Federal de Comunicações Internacionais como chefe da mesa de Política Estratégica.


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